quinta-feira, 9 de Maio de 2024  09:01
PESQUISAR 
LÍNGUA  

Portal D'Aveiro

Inovasis Prescrição eletrónica (PEM), Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica (MCDT), Gestão de Clínicas Inovasis

Inovanet


RECEITA SUGESTÃO

Sopa de Peixe

Sopa de Peixe

Junta-se todos os ingredientes menos o peixe e põe-se a cozer com água.

Coze-se o peixe e quando estiver ...
» ver mais receitas


NOTÍCIAS

imprimir resumo
09-12-2004

Discurso actual ou antiquado?


Opinião

Refiro-me ao discurso sobre os valores. Há quem diga que, hoje, falar hoje de valores é querer manter uma ordem moral ultrapassada, remar contra a maré, estar fora do tempo. Assim, se pensa e se diz, que se trata de um discurso antiquado. Gente mais atenta à vida, menos superficial e que pensa no mundo das relações e dos comportamentos humanos, na recuperação de valores esquecidos e na defesa daqueles que correm o risco de o serem depressa, entende que o discurso não é só actual, mas urgente e que tem de se fazer contra ventos e marés.

Koichiro Matsauura, Director geral da Unesco, uma organização das Nações Unidas dedicada aos problemas da educação e da cultura, escreveu há dias no DN (23.11.2004) um interessante artigo que titulou : “Onde estão os valores? ” Beneficiando de um observatório mundial, faz considerações de muito interesse ao reportar-se a uma obra recente, “OFuturo dos Valores”, publicada pela Unesco, na sequência das Conversas doSec. XXI, iniciativa da mesma organização.

Falando de um crepúsculo dos valores que muitos teimam em sublinhar, acentua, por seu lado, que estamos longe de podermos considerar o ataque e desprezo pelos valores como um fenómeno universal, pois “ em muitas regiões do mundo as pessoas continuam a confiar nos alicerces de referências tradicionais para dar sentido e ordem às suas vidas como indivíduos e em sociedade.” Mais adiante, escreve: “Podemos também interrogar-nos sobre as consequências das evoluções possíveis dos valores religiosos e espirituais e do surgimento de novos valores políticos. Quando a democracia representativa parece em crise em vários países, a democracia associativa está em grande expansão. Quais são os valores inerentes a estas novas redes de afinidade, aliança e comunicação? Estaremos nós a caminhar na direcção de uma “feminização” dos valores, dado o declínio das estruturas patriarcais? Iremos então assistir ao aparecimento de novos valores que necessitariam de ser transmitidos através de um ensino pluridisciplinar e aberto sobre a pluralidade das culturas?”

Há valores de sempre e universais e outros que vão surgindo no evoluir dos tempos e das culturas, mas que consideram a pessoa humana como o valor supremo e indiscutível. Respeitá-los e promovê-los é a garantia de que não estamos a regressar à barbárie dos sem lei nem ordem a que se submetam. O desafio em causa está não perder o que vale em todas as circunstâncias de lugar e de tempo, e ter discernimento para escolher e integrar o que vai surgindo e ajuda a coesão, a dignificação e a coexistência construtiva.

Não sei se a gente da comunicação social lê os jornais. O artigo do Director Geral da Unesco pode ajudar a repensar a razia destruidora de valores fundamentais a que, sobretudo alguns canais televisão para os quais vale tudo e já nada vale nada, sujeitam diariamente, de modo directo ou camuflado, aqueles que ainda os vêem.

António Marcelino*

*Bispo de Aveiro


ACESSO

» Webmail
» Definir como página inicial

Publicidade

TEMPO EM AVEIRO


Inovanet
INOVAgest ®